O III Fórum Estadual de Educação e Diversidade Étnico-Racial do Maranhão, realizado na semana passada, (17 e 18 de junho), em São Luís, reuniu educadores, pesquisadores, movimentos sociais, representantes de comunidades tradicionais e autoridades públicas em torno de uma pauta urgente: a consolidação de uma educação antirracista por meio da efetiva implementação da Lei nº 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino da História e Cultura afro-brasileira e africana nas escolas.
A abertura contou com uma conferência magna conduzida por Lena Garcia, do Ministério da Igualdade Racial, que destacou o papel das políticas públicas como ferramentas de reparação e construção de um país mais justo. Ao longo do evento, participantes puderam apresentar experiências pedagógicas, práticas exitosas e pesquisas voltadas à temática das relações étnico-raciais.
Os grupos de trabalho desempenharam um papel essencial na construção de propostas coletivas para o fortalecimento da lei nas redes de ensino. Foram momentos de troca, escuta e criação de estratégias práticas, com foco na formação docente, no currículo escolar e na articulação com a comunidade.
Para Alice Pires Van Deursen, uma das organizadoras do Fórum, o evento reforçou a necessidade de transformar o ambiente escolar em um espaço ativo de combate ao racismo:
“Falar de educação antirracista é falar de justiça, de memória e de pertencimento. O Fórum foi uma oportunidade de reafirmar que a escola não pode ser neutra diante das desigualdades raciais. Ela precisa ser protagonista na construção de uma sociedade mais justa e consciente das suas raízes”, explica.

A programação também incluiu momentos de celebração e valorização da cultura afro-brasileira, como a apresentação musical de Robson Lopes, que emocionou o público ao trazer à tona a ancestralidade viva nas expressões artísticas do povo negro.
O encerramento foi marcado pela conferência da professora Ilma Fátima, que celebrou os 20 anos de atuação do FEDERMA e propôs uma reflexão crítica sobre os avanços e desafios da educação para as relações étnico-raciais no estado.
O promotor de justiça Marco Aurélio Ramos Fonseca, coordenador do Centro de Apoio Operacional de Direitos Humanos e Cidadania do Ministério Público do Maranhão (MPMA), também esteve presente e reafirmou o compromisso institucional com a defesa dos direitos da população negra e o fortalecimento de políticas públicas educacionais.
Para o professor Dr. Henrique França, coordenador do FEDERMA, o Fórum representa um marco fundamental:
“Foi um momento simbólico e concreto na luta por uma educação que reconheça e valorize a diversidade racial. Ainda temos um longo caminho, mas encontros como esse mostram que estamos trilhando a direção certa.”