Ninguém tem mais dúvidas do impacto avassalador da tecnologia digital, alterando profundamente todas os setores da vida organizada, das telecirurgias, com robôs controlados, de forma remota, ao comércio dos vendedores ambulantes por pix. Na Comunicação, as transformações foram tão rápidas que os nichos de mercado mais tradicionais não conseguiram acompanhar. Exemplo disso são as assessorias de comunicação, campo tão alargado nas últimas décadas que transformou o antigo assessor de imprensa em espécie em extinção. Perdão aos colegas de ofício ofendidos, mas: qualquer ChatGPT ou similar não poderia exercer a função de produzir releases e notinhas?
O debate é mais profundo. Comunicação é um setor estratégico em qualquer organização. No âmbito público e político, muitas instituições e órgãos ainda permanecem estacionados na década de 30, associando a atividade à mera divulgação dos feitos positivos do governo, da prefeitura e seus representantes. E o pior: submetendo os senhores e senhoras a cenas de popularização “tiktoktoresca” duvidosa, nem sempre compatíveis com seus mindsets.
É equivocado utilizar as assessorias de comunicação como estruturas para o governante “aparecer”, com objetivo meramente eleitoral, à propósito de manutenção do poder. A digitalização das mídias e o surgimento das redes sociais trouxeram mutações profundas no comportamento social, a exemplo das bolhas políticas, do viés de confirmação, da cultura de ódio e seus haters, com os onipresentes algoritmos que filtram o conteúdo com base nos interesses e preferências dos usuários.
Comunicação hoje exige Gestão da Comunicação. É fundamental a compreensão de que os dados são o “novo petróleo”, expressão já conhecida na contemporaneidade da Sociedade em Rede. No mundo dos rastros da tecnologia, com informações valiosas deixadas por nós em toda a parte, em pagamentos, interações digitais em tempo real, “likes”, aplicativos baixados, filmes e músicas escolhidos por streaming, este oceano de dados guarda o tesouro da atualidade.
O relatório do Data Age 2025, da IDC (International Data Corporation), aponta que o volume global de dados, este ano, chegará a 1 zetabyte, o que equivale a 1 sextilhão de bytes. Aos leigos nestas medidas, como esta que escreve, se cada gigabyte em um zettabyte fosse um tijolo, 175 zettabytes seriam equivalentes a 1,75 trilhão de paredes do tamanho da Grande Muralha da China. E, se cada gigabyte fosse uma xícara de água, então um zettabyte seria o suficiente para encher o Oceano Pacífico.
Portanto, a Comunicação da era digital impõe primordialmente a gestão dos dados, com seus engajamentos, tendências, postagens e outras pistas deixados pelos diferentes públicos. São eles que revelam, que demonstram. É a mineração contemporânea em busca dos melhores resultados.