18 de novembro é o Dia Nacional de Combate ao Racismo. A faceta mais cruel do racismo no país que mais recebeu escravizados, no continente americano, são as execuções de pretos. O arquétipo do chicote da Casa Grande ainda permanece, nos dias atuais, ferindo de morte o mais básico dos direitos: o direito à vida.
Os dados são estarrecedores. De acordo com Atlas da Violência 2024, 76,5% das mortes por homicídio no Brasil, em 2022, foram de pessoas pretas e pardas. O Maranhão, que foi o quarto estado do Brasil a receber o maior número de escravizados africanos, a partir do século XVIII, ainda ostenta números vergonhosos.
A capital, que se exibe como “Jamaica Brasileira’, tem taxa de mortes de jovens pretos, pardos e indígenas 14 vezes maior que de pessoas brancas e amarelas da mesma faixa etária. O levantamento, produzido e divulgado pelo Instituto Cidades Sustentáveis, aponta que a taxa de homicídios de jovens brancos e amarelos é de 1,65 por 100 mil habitantes. Enquanto a taxa de mortes de jovens pretos, pardos e indígenas é de 24,41 por 100 mil habitantes. Ou seja, a diferença é de 14,8 mais mortes do segundo para o primeiro grupo.
Na obra Os Tambores de São Luís, o escritor maranhense Josué Montello cita o Sermão da Primeira Dominga da Quaresma, do maior orador sacro da Língua Portuguesa, o padre Antônio Vieira: “as fazendas do Maranhão, que se esses mantos e essas capa se torcerem, haviam de lançar sangue”.
Séculos depois, o sangue ainda não foi estancado.
Arte: Latuff
Da Redação